Era
o primeiro dia de aula na segunda série, eu tinha sete anos de idade, e estava
com muito medo pois, era uma escola nova.
Uma
semana depois de aula um garoto com Síndrome de Down se mudou pra escola, e por
ironia do destino começamos a conversar e viramos colegas.
Vitor
era hiperativo e falava muito e em meio à isso tudo ele disse que gostava de
mim, e eu sem saber o que fazer, disse que não gostava dele, e essa foi a pior
resposta de todas. Ele ficou com raiva de mim, e depois deste dia ele se
revoltou contra minha pessoa.
Todos
os dias que eu chegava ele se juntava com dois meninos, que me seguravam
enquanto Vitor me batia, e eu só sabia chorar e pedir pra ele parar, porém ele
só pararia depois que eu dissesse a ele que gostava dele, e eu não dizia. Isso
durou um ano, um ano apanhando dele, até que mudei de escola. Mas Vitor era
persistente e foi para mesma escola que eu, e tudo continuou como era, até que
um dia ele jogou um bolinho na diretora da escola e disse que fui eu, e eu com
medo dela disse pra meu pai me mudar de escola de novo e Vitor desta vez, não
me seguiu.
Eu
dizia aos meus pais, a mãe dele, a professora, para todo mundo o que acontecia,
mas ninguém acreditava pois achavam que eu estava exagerando pois ele é ‘diferente’ dos demais e não acreditavam
que tal violência viria de um garoto com Síndrome de Down.
Bem,
eu só vi ele uma vez depois de tudo, a uns quatro anos atrás, eu estava em um
ponto de ônibus, e eu vi ele em um ônibus e ele me viu, assim que me viu, Vitor
levantou e foi até a janela e disse:
‘’Natália!
Oi! Me desculpa, eu ainda te amo.’’
E
o ônibus andou. Mesmo com essa desculpa, eu tenho um trauma deste fase da minha
infância, e mesmo eu, sabendo que pessoas assim não têm tanta noção das coisas,
eu tento não me aproximar muito com medo de tudo voltar a acontecer, já que eu
jamais bateria em alguém com Down. E apesar disso, gostaria de vê-lo novamente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário