sábado, 23 de março de 2013

Síndrome de Down – Natália dos Reis Coimbra


Era o primeiro dia de aula na segunda série, eu tinha sete anos de idade, e estava com muito medo pois, era uma escola nova.
Uma semana depois de aula um garoto com Síndrome de Down se mudou pra escola, e por ironia do destino começamos a conversar e viramos colegas.
Vitor era hiperativo e falava muito e em meio à isso tudo ele disse que gostava de mim, e eu sem saber o que fazer, disse que não gostava dele, e essa foi a pior resposta de todas. Ele ficou com raiva de mim, e depois deste dia ele se revoltou contra minha pessoa.
Todos os dias que eu chegava ele se juntava com dois meninos, que me seguravam enquanto Vitor me batia, e eu só sabia chorar e pedir pra ele parar, porém ele só pararia depois que eu dissesse a ele que gostava dele, e eu não dizia. Isso durou um ano, um ano apanhando dele, até que mudei de escola. Mas Vitor era persistente e foi para mesma escola que eu, e tudo continuou como era, até que um dia ele jogou um bolinho na diretora da escola e disse que fui eu, e eu com medo dela disse pra meu pai me mudar de escola de novo e Vitor desta vez, não me seguiu.
Eu dizia aos meus pais, a mãe dele, a professora, para todo mundo o que acontecia, mas ninguém acreditava pois achavam que eu estava exagerando pois ele é ‘diferente’ dos demais e não acreditavam que tal violência viria de um garoto com Síndrome de Down.
Bem, eu só vi ele uma vez depois de tudo, a uns quatro anos atrás, eu estava em um ponto de ônibus, e eu vi ele em um ônibus e ele me viu, assim que me viu, Vitor levantou e foi até a janela e disse:
‘’Natália! Oi! Me desculpa, eu ainda te amo.’’
E o ônibus andou. Mesmo com essa desculpa, eu tenho um trauma deste fase da minha infância, e mesmo eu, sabendo que pessoas assim não têm tanta noção das coisas, eu tento não me aproximar muito com medo de tudo voltar a acontecer, já que eu jamais bateria em alguém com Down. E apesar disso, gostaria de vê-lo novamente. 

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