Estava
sentada em minha cadeira pintando algum desenho de forma monótona a pelo menos
vinte minutos enquanto encarava um relógio de ponteiro que eu sequer conseguia
entender. “Como os adultos conseguem ver as horas nisso?”, pensei. Naquele
exato momento desejei ser adulta pra ver quanto tempo faltava pra ir embora,
pois não aguentava mais fingir interesse em um desenho.
Depois
de muita espera o sinal finalmente soou e todos se levantaram para entregar o
desenho. Com muito cuidado pra ninguém ver meu desenho – nunca tive habilidades
com a arte, logo ele estava um desastre – entreguei o desenho e me dirigi à
porta carregando minha mochila de rodinhas comigo. Neste momento reparei que
meus cadarços estavam desamarrados, pensei em amarrá-los lembrando da
insistência da minha mãe toda vez que me via com eles assim, porém deixei
passar e cheguei mais perto da pequena escada que dava acesso ao portão de
saída.
Já
no topo da escada, tentei descer o primeiro degrau com o pé esquerdo, porém
estava pisando no cadarço com o pé direito. Desequilibrei-me e comecei a cair
da escada junto com minha mochila. Cair da escada? Isso pra mim era o de menos,
já havia caído muitas vezes. O único problema é que não eu estava sozinha na
escada, mais a frente estavam descendo duas meninas, que minha mochila e eu
arrastamos até o chão.
Depois
da queda, me levantei do chão e reparei que eu não estava com nenhum machucado,
nem mesmo arranhão. Ótimo! Mas quando olhei para o lado, vi uma das meninas com
o nariz ensanguentado. Comecei a pedir desculpas da melhor forma que pude, mas
ela começou a berrar que eu teria que dar meu nariz a ela agora que tinha
machucado o dela.
Assustada
com o pensamento de ter que abrir mão do meu nariz, corri o mais rápido que
pude em direção a saída. No meio do caminho, parei bruscamente e amarrei os
cadarços, e jurei que depois disso nunca mais os deixaria desamarrados. Continuei
correndo. Antes de cruzar o portão, desacelerei e tentei parecer calma pra
minha mãe não perceber nada de errado. Saindo da escola, já tinha a avistado e
me direcionei a ela. Mal tinha me aproximado e já ouvi uma exclamação:
–
Você finalmente amarrou seus cadarços!
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