segunda-feira, 25 de março de 2013

A perplexidade do senhor Albuquerque - Simênia Maciel


A classe era sempre muito festeira, sempre que faltava um professore ficavam em aula vaga, se divertiam ao máximo. E, brincavam de atirar bolinhas uns nos outros, enquanto outro pequeno grupo ficava de vigia, se dividiam entre a porta da sala e as escadas. Voltavam sempre loucos, desesperados dizendo:
-Ele esta vindo, está vindo. O senhor Albuquerque! – era o diretor, a pessoa mais temida do colégio.
O senhor Albuquerque sempre chagava na sala e os alunos estavam ali, todos sentadinhos, arrumadinhos, com carinhas angelicais. De primeira impressão não havia nada errado, mas o chão estava repleto de papéis embolados, - naquela classe era mais conhecido como uma arma suada contra o outro canto da sala - da “guerra” que sempre era interrompida pela visita inesperada do diretor. E ele dizia sempre a mesma coisa:
- Recolham todos os papéis do chão! – E, até os alunos que só assistiam a “pequena guerra” eram convocados a recolher os papeis também, cooperando na limpeza.
O diretor quando estava satisfeito com a rápida limpeza e organização dava de costa à sala e saia, com ar de missão cumprida.
Certo dia, a aula era vaga, os alunos combinaram de largar o tédio e fazer a “guerrinha” de sempre. Os guerreiros atiravam bolinhas e os desinteressados assistiam com mais desinteresse ainda. Foi quando os ‘’vigilantes’’ voltaram.
-É ele, o senhor Albuquerque!
Os alunos mais que depressa se sentaram cada um em seu lugar. Quando uma garota, uma desinteressada da guerra, mas que se preocupava com a situação da reputação daquela classe, grita:
-Arrumem as carteiras e limpe o chão, ele sempre pede a mesma coisa!
O desespero veio à tona. Só se via alunos correndo e tropeçando uns nos outros, corriam enquanto o diretor não chegava.
Foi quando a porta se abriu, a cena foi a mais bonita. Rostos angelicais estampados nos rostos de todos os alunos, chão limpo, cadeira e carteiras arrumadas, nada de bagunça nem de gritarias. Senhor Albuquerque então pergunta:
-Tudo bem? - Fazendo cara de estranhamento.
Todos afirmam que sim com a cabeça fixando os sorrisos angelicais. O diretor dá de costa novamente, como sempre fazia desta vez com ar de satisfação, mas sem muito entender o que acontecera e fecha a porta. Os alunos olham uns para os outros e caem na gargalhada, por terem deixado o direito em estado de confusão, pobre homem estava perplexo, mas contente com o que acabara de ver. 

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