quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Cigarro de palha – Weslley Rudson

Eu era jovem
Ah como eu era respeitado
Eu falava e, às vezes, nem me davam ouvidos,
Isso era bom, pois hoje quando eu falo, já recebo xingamentos
Hoje gaguejo, escrevo mal
Levo cuspe na cara
Sou tratado como animal
Sou solitário, fico aqui fumando no meu canto
Meu querido cigarro de palha
O engraçado é que ele chegou comigo no meio da minha solidão
Ele não sabe o que passei
Tanta coisa que esse infeliz não sabe
Mas era melhor que agora, entende?
Eu conseguia rir com os outros
Tinha aquela coisa que os jovens chamam de amigo
Às veze eu imagino, se eu fosse um velho, sábio e rico
Poderia ser diferente
Mas não... não e´
Nunca vai ser
Ser velho, é receber olhos tortos até padecer...
Mas meu cigarro de palha, meu único companheiro, ele não soube de nada
Ele não soube das viagens alucinantes que tive quando não era ele que eu usava
Para dar umas tragadas
Maldito cigarro, maldita solidão, não tenho nem uma mulher para me consolar
Isso me faz lembrar, eu amei uma garota, chamada Maria
Um nome bem comum, como ela, foi um amor comum, um amor humano,
Teve começo, meio e fim!
Mas meu cigarro, não, ele não sabe, esse desgraçado
Obviamente ele não tem culpa.
É só um cigarro de palha
Talvez eu realmente não seja tão velho assim como eu digo

Sou apenas um jovem, provavelmente em perigo.

Perpetuação da preguiça – Bruna Brasil

Eu durmo.
Eu durmo... babo... e ronco.

É na felicidade completa do sono
Que me deleito em meus devaneios.
Sou livre e me realizo sonhando.
Nos braços de Morfeu esqueço meus receios.

O sono é para mim
Como a água é para o sedento
Fico tão feliz dormindo.
Sinto sono todo momento

O sono é para mim
Uma espécie de esporte.
Meu sono, às vezes, é tão profundo
Que é confundido com a morte.

Mas sou privada do sono,
Estas horas celestiais,
Por aqueles que me interrompem:
“Levanta, já dormiu demais”!

Tudo o que eu quero na vida
É dormir, só isso, mais nada!
Ainda hei de realizar meu sonho:
Dormir e para isso ser paga!


Eu durmo... e então acordo!

Guerra da matemática – Bruna Brasil

Subtrair para não ser subtraído
Aprendi a somar para sobreviver
Tive que dividir para conquistar
Multiplicar para vencer

Aniquilei os números primos
Não há mais MMC
Depois elevei minha força
Extraí das raízes mais poder

Derrubei os triângulos da hipotenusa
E o último lado eu não descobri
E os quadrados... dos catetos...
A fórmula eu já esqueci

Malditos sejam os matemáticos
E seus teoremas infernais
Prevendo elipses, medindo pirâmides
Enlouquecendo colegiais

Na guerra do matemático
Não há nenhum sobrevivente
Meus inimigos são os números
E o medo é o meu expoente

Pois na guerra da matemática
Nunca há um vencedor
O amanhã é uma incógnita

E a função dessa guerra é a dor.

Alegria sepultada – Mayara dos Santos Costa

Em seu rosto lívido
Luzidia seu sorriso,
Que como o sol do amanhecer,
Apenas seu sorriso
Iluminava meu entardecer.

Em seu rosto lívido
Brilhavam duas estrelas peraltas
Tingidas com o arrebol do alvorecer,
Que brincavam nas nuvens mais altas
Quando começou a chover.

A chuva enegreceu seu vergel
E o mais perturbador trenó
Ela trouxe do céu
Furtando seu sorriso pueril
E sombreando seu pobre olhar juvenil.

Em meio ao nevoeiro
Surgiu seu algoz,
Um anjo negro
De olhar atroz
Que encetando sua agonia
Empurrou no abismo
Seu corpo sem alegria

Sua cama etérea
Cheia de flores
De todas as cores,
Guardo em repouso
Um corpo sem vida,
Uma alma ferida
Que leva consigo
Os sonhos e as lembranças
De uma doce, inocente criança!


Teu coração – Júlia Marchant Monzani

Os minutos são horas
Horas são dias
Dias são anos
Anos são décadas
Percebi que sem você
O tempo não passa

Eu poderia fugir
Fugir para um lugar distante
Onde o tempo não passa
Um lugar onde exista só nós dois
Para dizer o que sinto
E vivemos intensamente juntos
Você ficou com meu coração

Você não tomou cuidado
Pois ele está quebrado
Foi como perder algo
Foi terrivelmente horrível
E chances tentei, você não quis me dar

Você estava lá parado
Fiquei perplexa, sem saber o que falar
Sem saber o que falar e explicar
Fui falar com você
Mas bola você nem me deu
Mas continuei para cima sem desistir

Por quê?
Ele disse:
Já lhe dei chances
Respondi:
Eu levei culpa:
Por favor.

Ela me deixou, saiu e não voltou
Não respondeu mais
Nós éramos melhores amigos, inseparáveis
Éramos... Por uma briga boba
Sem sentido
Você levou os pedacinhos do meu coração
Você não deu a mínima

A distância permanece
O amor agora é platônico
A dor é constante
Quero sofrer
Sofrer de amor
Sofrer de dor

Sei que a distância iria me aborrecer
Mas também sei que um dia
Vou esquecer
E tudo irá se acertar
E como nos filmes

Tudo irá passar

Noite negra – Milena Gomes da Silva

 Estou sozinha na escuridão
Caindo no abismo na paixão
Parece que sou a única a amar
Parece que ninguém percebe
Que estou assim

As pessoas me perguntam
Qual o motivo da vida me esquecer
Eu simplesmente respondo
Que a vida não me esqueceu
Ela só não me quer mais

A noite negra me consome
Pois a lua já não tem mis brilho pra mim
O mundo me deixou e parece que é para sempre
Não sei o que fazer

Os meus pensamentos obscuros me consomem
E não posso fazer nada
Para expulsá-los da minha cabeça
Pois a única coisa que consigo fazer
É não existir mais

Para tudo isso mudar
É só você me prometer
Que jamais vai me deixar sozinha na escuridão

Da noite negra

2º Concurso de poesia do M.A.R.

A premiação foi hoje: vou postando aqui os poemas vitoriosos...