Eu
era jovem
Ah
como eu era respeitado
Eu
falava e, às vezes, nem me davam ouvidos,
Isso
era bom, pois hoje quando eu falo, já recebo xingamentos
Hoje
gaguejo, escrevo mal
Levo
cuspe na cara
Sou
tratado como animal
Sou
solitário, fico aqui fumando no meu canto
Meu
querido cigarro de palha
O
engraçado é que ele chegou comigo no meio da minha solidão
Ele
não sabe o que passei
Tanta
coisa que esse infeliz não sabe
Mas
era melhor que agora, entende?
Eu
conseguia rir com os outros
Tinha
aquela coisa que os jovens chamam de amigo
Às
veze eu imagino, se eu fosse um velho, sábio e rico
Poderia
ser diferente
Mas
não... não e´
Nunca
vai ser
Ser
velho, é receber olhos tortos até padecer...
Mas
meu cigarro de palha, meu único companheiro, ele não soube de nada
Ele
não soube das viagens alucinantes que tive quando não era ele que eu usava
Para
dar umas tragadas
Maldito
cigarro, maldita solidão, não tenho nem uma mulher para me consolar
Isso
me faz lembrar, eu amei uma garota, chamada Maria
Um
nome bem comum, como ela, foi um amor comum, um amor humano,
Teve
começo, meio e fim!
Mas
meu cigarro, não, ele não sabe, esse desgraçado
Obviamente
ele não tem culpa.
É
só um cigarro de palha
Talvez
eu realmente não seja tão velho assim como eu digo
Sou
apenas um jovem, provavelmente em perigo.