Em
um dia normal, andando pelo parque avistei um rapaz de pele branca, olhos
escuros, com o cabelo arrepiado, a luz do sol refletia nele com tanta
intensidade que seus olhos escuros ficavam claros em questão de segundos.
Aproximei-me,
meio tremula disse um “oi”, seu olhar se volto para mim com uma rapidez
impressionante, minha reação de imediato foi afastar-me, seu silêncio me
causava imensa curiosidade e frustração. Sem pensar duas vezes virei ás costas
e saí andando, logo em seguida ouvi um “oi” que soava muito tímido, uma voz
baixa e roca, olhei para trás e aquele silêncio enfim fôra quebrado por seu
“sorriso metálico”, que despertava em mim borboletas no estômago. Mas com o
medo de nunca mais poder vê-lo, me despedi e fui embora triste, por saber que
talvez nunca mais o visse.
Na
manhã seguinte estava á caminho da escola, olhei para o céu cinzento e lembrei-me
daqueles olhos escuros que me encantara. Os pensamentos dominavam minha mente,
não consegui prestar atenção nas aulas, os olhos pregados no relógio, na
expectativa que o sinal tocasse logo. Enfim aquela tortura terminara quando
ouvi tocar o som que decretava minha liberdade.
O
tempo foi passando quando percebi já retomara minha vida normal, deixando de
lado minhas curiosidades e indagações.
Em
um a noite de sexta feira saí com meu irmão para encontrar uns amigos nossos,
após nos reunirmos, fomos á uma pizzaria, papo vai, papo vem e Rodrigo um de
nossos amigos perguntou:
- Vinicius?
Onde está o Marcus?
Rapidamente
minha expressão mudou, e perguntei:
-
Quem é Marcus?
-
Ah! É um amigo nosso da faculdade... Falando nele, olha ele aí!
Virei
lentamente, quando o avistei caí da cadeira em questão de segundos, ouvi o
barulho dos risos e gargalhadas que mais pareciam ecos. Levantei apoiando-me na
mesa e após me recuperar do susto, Rodrigo perguntou:
-
Que foi? Assustou-se com a beleza do Marcus?
Minhas
bochechas ficaram coradas, e com a voz tremula respondi sutilmente, de cabeça
baixa olhando para o cardápio.
- E
então, qual pizza vamos pedir?
Enquanto
discutiam o sabor e contavam piadas, Marcus sentou-se do outro lado da mesa e
eu de cabeça baixa tive a terrível idéia de erguê-la, e lá estava ele com os
olhos vidrados em mim, seu olhar era curioso tentando decifrar minha expressão.
Não conseguia acreditar que aquele rapaz era o mesmo do parque, de pele branca,
olhos escuros e cabelo arrepiado. Éramos os mais calados da mesa, nossas
palavras eram trocadas através de olhares, em nossa face estavam estampadas
todas as emoções e sensações de ter nos reencontrado. Durante toda a noite não
trocamos uma palavra, até que os rapazes tiveram a idéia de pedir que ele se
sentasse ao meu lado, arregalei os olhos e respirei fundo tentando conter minha
indignação por causa da atitude deles, mas não poderia impedi-lo de sentar ao
meu lado, afinal Marcus não tinha culpa.
-
Até que enfim consegui ficar próximo de você! Tenho algo muito importante para
lhe falar.
Neste
exato momento aquelas malditas borboletas incomodaram meu estomago novamente.
-
Então, o que eu queria ti dizer é que...
Um
barulho interrompe sua fala, e quando viro-me, o encontro caído no chão, morto,
um tiro. Apenas um.
O
ladrão que assaltou a pizzaria fugiu sem olhar para trás.
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