sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Um tiro, Apenas um - Débora Braga

Em um dia normal, andando pelo parque avistei um rapaz de pele branca, olhos escuros, com o cabelo arrepiado, a luz do sol refletia nele com tanta intensidade que seus olhos escuros ficavam claros em questão de segundos.
Aproximei-me, meio tremula disse um “oi”, seu olhar se volto para mim com uma rapidez impressionante, minha reação de imediato foi afastar-me, seu silêncio me causava imensa curiosidade e frustração. Sem pensar duas vezes virei ás costas e saí andando, logo em seguida ouvi um “oi” que soava muito tímido, uma voz baixa e roca, olhei para trás e aquele silêncio enfim fôra quebrado por seu “sorriso metálico”, que despertava em mim borboletas no estômago. Mas com o medo de nunca mais poder vê-lo, me despedi e fui embora triste, por saber que talvez nunca mais o visse.
Na manhã seguinte estava á caminho da escola, olhei para o céu cinzento e lembrei-me daqueles olhos escuros que me encantara. Os pensamentos dominavam minha mente, não consegui prestar atenção nas aulas, os olhos pregados no relógio, na expectativa que o sinal tocasse logo. Enfim aquela tortura terminara quando ouvi tocar o som que decretava minha liberdade.
O tempo foi passando quando percebi já retomara minha vida normal, deixando de lado minhas curiosidades e indagações.
Em um a noite de sexta feira saí com meu irmão para encontrar uns amigos nossos, após nos reunirmos, fomos á uma pizzaria, papo vai, papo vem e Rodrigo um de nossos amigos perguntou:
- Vinicius? Onde está o Marcus?
Rapidamente minha expressão mudou, e perguntei:
- Quem é Marcus?
- Ah! É um amigo nosso da faculdade... Falando nele, olha ele aí!
Virei lentamente, quando o avistei caí da cadeira em questão de segundos, ouvi o barulho dos risos e gargalhadas que mais pareciam ecos. Levantei apoiando-me na mesa e após me recuperar do susto, Rodrigo perguntou:
- Que foi? Assustou-se com a beleza do Marcus?
Minhas bochechas ficaram coradas, e com a voz tremula respondi sutilmente, de cabeça baixa olhando para o cardápio.
- E então, qual pizza vamos pedir?
Enquanto discutiam o sabor e contavam piadas, Marcus sentou-se do outro lado da mesa e eu de cabeça baixa tive a terrível idéia de erguê-la, e lá estava ele com os olhos vidrados em mim, seu olhar era curioso tentando decifrar minha expressão. Não conseguia acreditar que aquele rapaz era o mesmo do parque, de pele branca, olhos escuros e cabelo arrepiado. Éramos os mais calados da mesa, nossas palavras eram trocadas através de olhares, em nossa face estavam estampadas todas as emoções e sensações de ter nos reencontrado. Durante toda a noite não trocamos uma palavra, até que os rapazes tiveram a idéia de pedir que ele se sentasse ao meu lado, arregalei os olhos e respirei fundo tentando conter minha indignação por causa da atitude deles, mas não poderia impedi-lo de sentar ao meu lado, afinal Marcus não tinha culpa.
- Até que enfim consegui ficar próximo de você! Tenho algo muito importante para lhe falar.
Neste exato momento aquelas malditas borboletas incomodaram meu estomago novamente.
- Então, o que eu queria ti dizer é que...
Um barulho interrompe sua fala, e quando viro-me, o encontro caído no chão, morto, um tiro. Apenas um.

O ladrão que assaltou a pizzaria fugiu sem olhar para trás. 

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