sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Sentimentos de Uma Garota Apaixonada - Fabiana de Aquino Cardoso de Oliveira

   - Meu nome é Alice, tenho 16 anos e amo ler. Minha vida era calma até conhecer Maria. Tudo começou com uma garota que eu conheci após se transferir do Chile, seu nome era Maria, eu e ela éramos inseparáveis, andávamos de um lado para o outro, juntas. Quando comecei a namorar com Pietro um estudante do terceiro ano, ele era lindo, Maria e eu não saiamos tanto quanto antes, só na escola.
-Olá Alice, como você está?- disse ela com um sorriso gigante no rosto.
– bem, mas terá uma prova chata hoje, não acha? – ela me olhou com um olhar severo.
 – claro que não, uma prova ou alguma coisa que nos ajude para o futuro que nos ensine algo, não é chato, e sim ótimo!
– Ok, não está mais aqui quem falou. – comecei a ir para a sala de aula, a professora deu a prova que Maria conseguiu responde-la rapidamente, quando foi entregá-la para a professora ela deu um sorriso que dava para ver os dentes podres da velha de quase 72 anos, não consegui evitar e soltei uma gargalhada, a professora olhou para mim com raiva, não sei o porquê, mais ela não gosta de mim.
 – achou algo engraçado Sra. Alice? Eu posso saber do que se trata? – a velha me olhou com um olhar furioso.
 – Sim professora e, não creio que você vá gostar, então é melhor não falar a Senhora. Sai da sala após a prova, e fui me encontrar com Pietro, meu namorado, já fazia seis meses que estávamos juntos, não me incomodava com o olhar das outras garotas que queriam estar no meu lugar. Ele veio me abraçando e beijando e Maria que estava ao meu lado fez uma careta.
 – que nojo, isso aqui é uma escola não um motel. – sorri e o abracei, quando as aulas acabaram eu fui para casa, Pietro foi me deixar em casa, sim, ele entrou, falou com a minha mãe e depois foi embora. Com sono fui tomar um banho super-relaxante e dormir, eu acordei e fui para a escola, quando cheguei Lá encontrei Maria e um grupo de jovens olhando a lista de quem ganharia a bolsa de estudos, eu resolvi entrar na roda, todos estavam cochichando e rindo, Maria estava super brava, olhei e vi que meu nome estava em primeiro e o de Maria nem estava na lista, procurei o nome dela e fechei os olhos com medo que Ela gritasse comigo, ou pior quisesse me matar, bom, ela quase afogou uma garota da 7ª série por falar algo de seu cabelo, olhei para ela e seu rosto se contorcia de raiva.
- como pode fazer isso comigo Alice? – disse ela com raiva, recuei com medo do que ela poderia fazer. – você roubou meu lugar, e vai pagar por isso! – saiu pisando duro e xingando aos quatro ventos. Eu senti tanto medo e culpa que não me mexi, nem disse uma palavra, não nos falamos por pelo menos duas semanas. Fiquei sabendo de uma Lanchonete/Restaurante que acabou de abrir em meu bairro, o estabelecimento era um local calmo e sereno, um toque de romance no ar. Fazia tempo que não via Pietro, me sentando em um canto escuro decidi deixar meu orgulho de lado, peguei meu celular e disquei seu número, meu coração acelerou com a ansiedade, ouvi um toque parecido com o de Pietro no restaurante, procurei desesperada pelo local, avistei um casal no canto e ao mesmo tempo em que o garoto colocou o celular no bolso minha chamada foi cancelada, não desviei o olhar do casal, espremi mais meus olhos e vi que era Pietro então sorri, até ver que ele estava beijando outra garota, procurei desesperada pelo rosto dela, até que eu ouvi uma voz familiar, era a de Maria! Mas como? Ela não pode estar se vingando, pode? O ódio subiu minha cabeça, me levantei com toda a força que pude, fui até os dois e peguei a primeira coisa que consegui encontrar, taquei em Maria que me olhou com um olhar sínico e disse:
- o que você esta fazendo Alice? – disse ela começando a se limpar, Pietro me olhou e parecia que seus olhos iriam saltar para fora de seu rosto a qualquer momento, olhei para ele esperando que ele dissesse algo.
 -e você? Não vai nem tentar se explicar seu idiota? Como você pode fazer isso comigo, e ainda no meu bairro? – disse a ele com um olhar de ódio, depois encarei Maria, ela estava sorrindo, aquilo me irritou tanto que não consegui mais me segurar, peguei na mesa um garfo e, com a mão livre puxei o cabelo dela com toda força que conseguia juntar no momento, eu não acredito que isso aconteceu logo comigo, e já que aconteceu não deixarei passar assim. As pessoas estavam se espremendo para poder ver o que estava acontecendo. Quando eu ia furar Maria no rosto e aliviar toda a minha tensão, algum ser me puxa para outra sala, em todo o percurso eu me debati, até que cansei e furei a pessoa que estava me carregando que se contorceu de dor, mas não me largou, quando eu finalmente pude sentir meus pés tocarem o chão eu me afastei, entrei em desespero com a imagem do garfo atravessado em seu braço.
– Você está bem? – perguntei quase chorando com a mão na boca tampando meus soluços de desespero.
- eu vou sobreviver a isso, e o que você pensa que estava fazendo no meu restaurante? Você quase matou uma cliente, e espantou milhares, você sabia que eu poderia processá-la? Aonde é que estava com a cabeça? – olhando para mim disse uma ultima coisa. – Você está bem? Eu sei que você deve ter tido os seus motivos, mas fazer aquilo com aquela garota do jeito que fez, foi um pouco longe.
- Me desculpe, eu... Não sei o que aconteceu comigo, se você quiser pode chamar a policia, pode fazer o que quiser, não vou ir contra o seu desejo, só peço que não chame minha mãe, ela já está sofrendo tanto com a separação e o sumiço do meu pai, que eu não sei se ela conseguiria aguentar mais isso. – disse eu olhando em seus olhos, que logo se suavizarão, e com uma voz terna disse:
- só tente agir como uma pessoa responsável, não como um animal descontrolado. – olhei com raiva nos olhos, poxa, estávamos nos entendendo, e depois começa a me chamar de animal. Eu sei que o que eu fiz não tinha sido nada legal, mas o que ele me disse agora veio como uma flechada no peito.
- “Animal?” você acaba de me chamar de animal? - Eu saí da sala com ódio desse idiota e de Pietro, Maria nem se fala. Cheguei em casa, estava com tanta raiva que não falei com a minha mãe, subi correndo as escadas e entrei em meu quarto batendo a porta com tanta força que até eu fiquei admirada com o barulho que fez, peguei meu celular e vi que Pietro tentara me ligar, a primeira coisa que fiz foi acabar com qualquer vestígio de Pietro perto de mim, redes sociais, presentes e quadros, até meu celular que eu não tinha ganhado dele eu taquei na parede assim que vi o número dele aparecer na tela, eu pisei tanto nele imaginando que fosse ele ao invés do aparelho. No dia seguinte não fui à escola, e nem depois, foi assim a semana inteira, a escola já estava ligando em casa pensando que eu estivesse morta ou em coma, pois não dava nem um sinal de vida, minha mãe sempre dizia que eu estava muito doente, e não poderia ir à escola, dizia que tinha risco de passar a doença para os outros alunos. Ouvi alguém bater na porta, era minha mãe, que olhou em volta e depois para mim fazendo uma careta.
- Meu Deus! Você está horrível, e olha esse quarto, Você precisa sair querida, não pode viver aqui para sempre. – olhei para ela e depois para a TV, que estava ensinando a fazer um bolo muito bom, apesar de eu não ter comido. Minha mãe voltou a dizer. – querida já está melhor? Quer ir ao médico? Eu sei que o que aquele traste fez com você não foi legal, mas não pode se auto torturar desse jeito. Você tem que continuar a viver sua vida, não pode parar só por causa daquele garotinho. – Olhei para ela com um olhar sereno, ela tinha razão, eu não podia ficar no meu quarto para sempre, não podia deixar de viver minha vida por culpa de dois idiotas, mesmo contando metade da coisa para minha mãe, ela sempre dava um jeito de me ajudar.
- Você tem razão mãe, e tem mais alguma ideia do que eu possa fazer? – reparei num sorriso que se insinuava em seu rosto, com muito cuidado eu disse – O quê?
- Quero apresentá-la ao meu namorado. Nunca tinha visto nenhum namorado da minha mãe dês do divórcio com meu pais há cinco anos, ela ralou para pagar as contas da casa e da escola, eu estava feliz por ela e me sentia uma idiota por ter feito aquele escândalo. Horas depois estava pronta, usava um Vestido de duas cores, com golinha romântica, acessórios pretos com dourado, dois braceletes para um toque de poder, sapatos e clutch preto, com meu cabelo solto e com ondas naturais, ele tinha um tom meio avermelhado e com as pontas loiras, minha mãe sempre dizia: “nasci com a beleza nos cabelos e minha filha me puxou” não importava o quanto eu cortava, as pontas sempre voltavam a ser loiras. Sentindo-me poderosa desci as escadas e alguém estava na porta, quando eu fui atender vi que não conhecia.
- Querido, você chegou cedo. – Minha mãe gritou do outro lado da sala, eu me virei e falei com ele um pouco tímida, nunca tinha conversado com nenhum outro parceiro da minha mãe, só meu pai, ele me olhou e deu um sorrisinho simpático. Dai me dei conta de que tinha mais pessoas, me senti envergonhado por não os ter visto antes.
A mulher era alta e com cabelos longos, tinha um ar elegante e um sorriso no rosto, devia ter a mesma idade que minha mãe, milagres da maquiagem! Tampei minha boca para esconder o risinho, seria bastante rude da minha parte se ela o reparasse. Um homem sai de trás dela e sorri para mim, eu fiz o mesmo e me aproximei para cumprimentá-los.
Olá, Você deve ser a filha de Elena. Meu nome é Carlos irmão de Robert e essa é minha mulher Dianna e meu filho Axel. Não tinha reparado nele, Axel era alto e estava no canto mais escuro da sala, não levantou a cabeça para me cumprimentar, já Dianna veio me abraçar e brincou com meu cabelo.
Todos foram para a sala jantar, minha mãe tinha feito o jantar e eu estou morrendo de fome. Axel começou a se mover e eu me aproximei dele, ele virou o rosto assim que eu estava prestes a vê-lo, mas sua tentativa foi fracassada, a luz o pegou e eu pude ver seu rosto. Era o homem do restaurante, ele olhou para mim e deu um sorrisinho.
- o que você faz aqui? – perguntei a ele um pouco assustada.
- meu Tio é o namorado da sua mãe, eu fui convidado e não pude recusar.
- Desculpe por antes, eu sinto tanto pelo garfo, não pretendia, eu estava fora de mim, eu sinto.
-Está tudo bem agora, não contarei nada para sua mãe ou mais alguém, mas terá que me prometer nunca mais fazer aquilo. Ele sorri e aperta minha mão como se estivéssemos fechando um acordo.
- Ok, nunca mais eu vou fazer um barraco em qualquer lugar e depois furar alguém com um garfo. Eu Sorri e nós nos juntamos com os outros na mesa de jantar, rimos e contamos histórias constrangedoras. Não vi mais Pietro nem Maria, não mudei de escola, continuei minha vida como antes e nunca mais gastarei minhas lágrimas com coisas como essas.


Nenhum comentário:

Postar um comentário