- Meu nome é Alice, tenho 16 anos e amo ler. Minha vida era
calma até conhecer Maria. Tudo começou com uma garota que eu conheci após se
transferir do Chile, seu nome era Maria, eu e ela éramos inseparáveis,
andávamos de um lado para o outro, juntas. Quando comecei a namorar com Pietro
um estudante do terceiro ano, ele era lindo, Maria e eu não saiamos tanto
quanto antes, só na escola.
-Olá Alice, como você está?- disse ela com um sorriso gigante
no rosto.
– bem, mas terá uma prova chata hoje, não acha? – ela me
olhou com um olhar severo.
– claro que não, uma
prova ou alguma coisa que nos ajude para o futuro que nos ensine algo, não é
chato, e sim ótimo!
– Ok, não está mais aqui quem falou. – comecei a ir para a
sala de aula, a professora deu a prova que Maria conseguiu responde-la
rapidamente, quando foi entregá-la para a professora ela deu um sorriso que
dava para ver os dentes podres da velha de quase 72 anos, não consegui evitar e
soltei uma gargalhada, a professora olhou para mim com raiva, não sei o porquê,
mais ela não gosta de mim.
– achou algo
engraçado Sra. Alice? Eu posso saber do que se trata? – a velha me olhou com um
olhar furioso.
– Sim professora e,
não creio que você vá gostar, então é melhor não falar a Senhora. Sai da sala
após a prova, e fui me encontrar com Pietro, meu namorado, já fazia seis meses
que estávamos juntos, não me incomodava com o olhar das outras garotas que
queriam estar no meu lugar. Ele veio me abraçando e beijando e Maria que estava
ao meu lado fez uma careta.
– que nojo, isso aqui
é uma escola não um motel. – sorri e o abracei, quando as aulas acabaram eu fui
para casa, Pietro foi me deixar em casa, sim, ele entrou, falou com a minha mãe
e depois foi embora. Com sono fui tomar um banho super-relaxante e dormir, eu
acordei e fui para a escola, quando cheguei Lá encontrei Maria e um grupo de
jovens olhando a lista de quem ganharia a bolsa de estudos, eu resolvi entrar
na roda, todos estavam cochichando e rindo, Maria estava super brava, olhei e
vi que meu nome estava em primeiro e o de Maria nem estava na lista, procurei o
nome dela e fechei os olhos com medo que Ela gritasse comigo, ou pior quisesse
me matar, bom, ela quase afogou uma garota da 7ª série por falar algo de seu
cabelo, olhei para ela e seu rosto se contorcia de raiva.
- como pode fazer isso comigo Alice? – disse ela com raiva,
recuei com medo do que ela poderia fazer. – você roubou meu lugar, e vai pagar
por isso! – saiu pisando duro e xingando aos quatro ventos. Eu senti tanto medo
e culpa que não me mexi, nem disse uma palavra, não nos falamos por pelo menos
duas semanas. Fiquei sabendo de uma Lanchonete/Restaurante que acabou de abrir
em meu bairro, o estabelecimento era um local calmo e sereno, um toque de
romance no ar. Fazia tempo que não via Pietro, me sentando em um canto escuro
decidi deixar meu orgulho de lado, peguei meu celular e disquei seu número, meu
coração acelerou com a ansiedade, ouvi um toque parecido com o de Pietro no
restaurante, procurei desesperada pelo local, avistei um casal no canto e ao
mesmo tempo em que o garoto colocou o celular no bolso minha chamada foi
cancelada, não desviei o olhar do casal, espremi mais meus olhos e vi que era
Pietro então sorri, até ver que ele estava beijando outra garota, procurei
desesperada pelo rosto dela, até que eu ouvi uma voz familiar, era a de Maria!
Mas como? Ela não pode estar se vingando, pode? O ódio subiu minha cabeça, me
levantei com toda a força que pude, fui até os dois e peguei a primeira coisa
que consegui encontrar, taquei em Maria que me olhou com um olhar sínico e
disse:
- o que você esta fazendo Alice? – disse ela começando a se
limpar, Pietro me olhou e parecia que seus olhos iriam saltar para fora de seu
rosto a qualquer momento, olhei para ele esperando que ele dissesse algo.
-e você? Não vai nem
tentar se explicar seu idiota? Como você pode fazer isso comigo, e ainda no meu
bairro? – disse a ele com um olhar de ódio, depois encarei Maria, ela estava
sorrindo, aquilo me irritou tanto que não consegui mais me segurar, peguei na mesa
um garfo e, com a mão livre puxei o cabelo dela com toda força que conseguia
juntar no momento, eu não acredito que isso aconteceu logo comigo, e já que
aconteceu não deixarei passar assim. As pessoas estavam se espremendo para
poder ver o que estava acontecendo. Quando eu ia furar Maria no rosto e aliviar
toda a minha tensão, algum ser me puxa para outra sala, em todo o percurso eu
me debati, até que cansei e furei a pessoa que estava me carregando que se
contorceu de dor, mas não me largou, quando eu finalmente pude sentir meus pés
tocarem o chão eu me afastei, entrei em desespero com a imagem do garfo atravessado
em seu braço.
– Você está bem? – perguntei quase chorando com a mão na
boca tampando meus soluços de desespero.
- eu vou sobreviver a isso, e o que você pensa que estava
fazendo no meu restaurante? Você quase matou uma cliente, e espantou milhares,
você sabia que eu poderia processá-la? Aonde é que estava com a cabeça? –
olhando para mim disse uma ultima coisa. – Você está bem? Eu sei que você deve
ter tido os seus motivos, mas fazer aquilo com aquela garota do jeito que fez,
foi um pouco longe.
- Me desculpe, eu... Não sei o que aconteceu comigo, se você
quiser pode chamar a policia, pode fazer o que quiser, não vou ir contra o seu
desejo, só peço que não chame minha mãe, ela já está sofrendo tanto com a
separação e o sumiço do meu pai, que eu não sei se ela conseguiria aguentar
mais isso. – disse eu olhando em seus olhos, que logo se suavizarão, e com uma
voz terna disse:
- só tente agir como uma pessoa responsável, não como um
animal descontrolado. – olhei com raiva nos olhos, poxa, estávamos nos
entendendo, e depois começa a me chamar de animal. Eu sei que o que eu fiz não
tinha sido nada legal, mas o que ele me disse agora veio como uma flechada no
peito.
- “Animal?” você acaba de me chamar de animal? - Eu saí da
sala com ódio desse idiota e de Pietro, Maria nem se fala. Cheguei em casa,
estava com tanta raiva que não falei com a minha mãe, subi correndo as escadas
e entrei em meu quarto batendo a porta com tanta força que até eu fiquei
admirada com o barulho que fez, peguei meu celular e vi que Pietro tentara me
ligar, a primeira coisa que fiz foi acabar com qualquer vestígio de Pietro perto
de mim, redes sociais, presentes e quadros, até meu celular que eu não tinha
ganhado dele eu taquei na parede assim que vi o número dele aparecer na tela,
eu pisei tanto nele imaginando que fosse ele ao invés do aparelho. No dia
seguinte não fui à escola, e nem depois, foi assim a semana inteira, a escola
já estava ligando em casa pensando que eu estivesse morta ou em coma, pois não
dava nem um sinal de vida, minha mãe sempre dizia que eu estava muito doente, e
não poderia ir à escola, dizia que tinha risco de passar a doença para os
outros alunos. Ouvi alguém bater na porta, era minha mãe, que olhou em volta e
depois para mim fazendo uma careta.
- Meu Deus! Você está horrível, e olha esse quarto, Você
precisa sair querida, não pode viver aqui para sempre. – olhei para ela e
depois para a TV, que estava ensinando a fazer um bolo muito bom, apesar de eu
não ter comido. Minha mãe voltou a dizer. – querida já está melhor? Quer ir ao
médico? Eu sei que o que aquele traste fez com você não foi legal, mas não pode
se auto torturar desse jeito. Você tem que continuar a viver sua vida, não pode
parar só por causa daquele garotinho. – Olhei para ela com um olhar sereno, ela
tinha razão, eu não podia ficar no meu quarto para sempre, não podia deixar de
viver minha vida por culpa de dois idiotas, mesmo contando metade da coisa para
minha mãe, ela sempre dava um jeito de me ajudar.
- Você tem razão mãe, e tem mais alguma ideia do que eu
possa fazer? – reparei num sorriso que se insinuava em seu rosto, com muito
cuidado eu disse – O quê?
- Quero apresentá-la ao meu namorado. Nunca tinha visto
nenhum namorado da minha mãe dês do divórcio com meu pais há cinco anos, ela ralou
para pagar as contas da casa e da escola, eu estava feliz por ela e me sentia
uma idiota por ter feito aquele escândalo. Horas depois estava pronta, usava um
Vestido de duas cores, com golinha romântica, acessórios pretos com dourado,
dois braceletes para um toque de poder, sapatos e clutch preto, com meu cabelo
solto e com ondas naturais, ele tinha um tom meio avermelhado e com as pontas
loiras, minha mãe sempre dizia: “nasci com a beleza nos cabelos e minha filha
me puxou” não importava o quanto eu cortava, as pontas sempre voltavam a ser
loiras. Sentindo-me poderosa desci as escadas e alguém estava na porta, quando
eu fui atender vi que não conhecia.
- Querido, você chegou cedo. – Minha mãe gritou do outro
lado da sala, eu me virei e falei com ele um pouco tímida, nunca tinha
conversado com nenhum outro parceiro da minha mãe, só meu pai, ele me olhou e
deu um sorrisinho simpático. Dai me dei conta de que tinha mais pessoas, me
senti envergonhado por não os ter visto antes.
A mulher era alta e com cabelos longos, tinha um ar elegante
e um sorriso no rosto, devia ter a mesma idade que minha mãe, milagres da
maquiagem! Tampei minha boca para esconder o risinho, seria bastante rude da
minha parte se ela o reparasse. Um homem sai de trás dela e sorri para mim, eu
fiz o mesmo e me aproximei para cumprimentá-los.
Olá, Você deve ser a filha de Elena. Meu nome é Carlos irmão
de Robert e essa é minha mulher Dianna e meu filho Axel. Não tinha reparado
nele, Axel era alto e estava no canto mais escuro da sala, não levantou a
cabeça para me cumprimentar, já Dianna veio me abraçar e brincou com meu
cabelo.
Todos foram para a sala jantar, minha mãe tinha feito o
jantar e eu estou morrendo de fome. Axel começou a se mover e eu me aproximei
dele, ele virou o rosto assim que eu estava prestes a vê-lo, mas sua tentativa
foi fracassada, a luz o pegou e eu pude ver seu rosto. Era o homem do
restaurante, ele olhou para mim e deu um sorrisinho.
- o que você faz aqui? – perguntei a ele um pouco assustada.
- meu Tio é o namorado da sua mãe, eu fui convidado e não
pude recusar.
- Desculpe por antes, eu sinto tanto pelo garfo, não
pretendia, eu estava fora de mim, eu sinto.
-Está tudo bem agora, não contarei nada para sua mãe ou mais
alguém, mas terá que me prometer nunca mais fazer aquilo. Ele sorri e aperta
minha mão como se estivéssemos fechando um acordo.
- Ok, nunca mais eu vou fazer um barraco em qualquer lugar e
depois furar alguém com um garfo. Eu Sorri e nós nos juntamos com os outros na
mesa de jantar, rimos e contamos histórias constrangedoras. Não vi mais Pietro
nem Maria, não mudei de escola, continuei minha vida como antes e nunca mais
gastarei minhas lágrimas com coisas como essas.
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