sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Lembranças- Taís Santos


Olá, meu nome é Eduarda, tenho 17 anos, moro em Guarulhos-SP, sou uma garota como qualquer outra. Gosto de sair com os amigos nos fins de semana, de ler, escrever, estudar, conhecer pessoas novas, enfim, adoro essas coisas de adolescentes, porém não imagina que fosse nascer, crescer e morrer aqui.
Como todos vocês perceberam, eu sou uma garota muito intelectual, penso muito no meu futuro e adoro estudar. A escola é um dos lugares que mais freqüento, a biblioteca para ser mais precisa. Minhas amigas são um pouco diferente, elas preferem sair e se divertir, do que estudar, e as vezes  que saio sou quase obrigada, pois elas dizem que tenho que me distrair também.  No bairro onde moro é bem agitado, com várias pessoas da minha idade, e vários lugares para lazer bem próximos da minha residência. E como toda menina, eu também gosto de um garoto. O nome dele é Matheus, ele estuda na sala ao lado da minha, 3C se não estou enganada, mas ele nunca ligou muito pra mim. Lembro uma vez quando estávamos no intervalo, ele esbarrou em mim, e nem se quer pediu desculpas. Mas deixa isso pra lá, tenho que contar minha história, e o porquê estou aqui.

Tudo começou em uma manhã, quando estava combinando com as meninas o tema do TCC, que foi dado no dia anterior. Mas, começamos a falar de outras coisas, e quando fui ver, estávamos falando do medo de cada uma, lembro-me em ter dito que meu maior medo era ser esquecida, e logo depois as menina pediram para pararmos com aquele assunto, e começamos a falar da festa que ia ter na casa do Matheus. Era o comentário da escola, e é claro que eu não podia perder. Se não me falha a memória, tive que dizer a minha mãe que ia ter que dormir na casa da Alice, porque a festa não ia ter hora para acabar, e minha ela se preocupa muito comigo, ainda mais depois da matéria que ela viu no jornal, dizendo que tinha um estuprador pelas redondezas. Mas enfim, meu plano tinha sido bem sucedido, então começamos a nos arrumar. No caminho da festa, perguntei a elas que horas voltaríamos, ouvi apenas risadas, então deduzi que só na manhã seguinte. Ao chegarmos lá, Matheus veio nos receber, e me cumprimentou com um beijo na bochecha, e disse que eu tava linda. Fiquei totalmente sem reação, logo o agradeci, e a noite seguiu. Depois dançar muito, fui ate a cozinha pegar um copo d'água, e me deparei com o Matheus beijando uma menina, aquilo definitivamente acabou com minha noite. Então decidi chamar as meninas para irmos embora, já não tinha mais vontade de ficar por lá, mas elas não queriam ir, então fui só, já que não morava tão longe. Ao sair, vi que a rua estava escura, fiquei com o certo medo, mas o superei em fração de segundos. Na caminhada, lembrei-me da matéria do jornal que minha mãe estava vendo, aquela que dizia do estuprador, e dei uma risada de canto, meio irônica, pois pensei que era besteira. Ao chegar em frente a escola, percebo que a algum tempo, tem alguém me seguindo, decidi olhar para traz, e era um cara que estava na festa, passou a noite inteira me olhando, nunca tinha o visto antes. Então acelerei o passo, e ele também, quando tentei gritar, ele tampou minha boca com um pano e me levou para o estacionamento da escola, lá fui estuprada e esquartejada, depois de tal ato, ele me levou para um lugar muito longe e me jogou num rio, e conforme as águas levavam meu corpo, eu pensava apenas no beijo que não foi meu. Ninguém nunca soube do paradeiro do meu corpo, e ele, conseguiu fugir.

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