Era o
fim da tarde. Um fim de tarde de um complicado dia em que decidiu deixar o
trabalho e foi até a cafeteria envidraçada sobre a praia.
Sentou-se
só junto à vidraça e pediu um chá. Um simples chá preto, sem açúcar, numa
xícara embrulhada pelas mãos frias, por causa do frio vento do norte que
soprava lá fora e da cerração que se levantava.
Olhava
o mar revolto que espelhava o céu nublado que avisava a chegada da tempestade.
Nesse mar distinguiu um barco que chegava à praia.
Atracou
e um homem só, bravo homem, amarrava o barco com uma desenvoltura e energia que
gostava de ter.
E ali
estava aquele homem na praia, livre, sem medo.
Aquele
homem seria como as gaivotas que voavam sobre a esplanada, agora fechada,
daquele café sobre a praia.
Era
livre, vivia em contato com o mar, com a natureza. Estaria com certeza mais
perto de Deus.
Não
tinha nada a provar, seria feliz com uma vida dura mais simples.
Ficou
feliz por saber que há gente que é livre, que não tem provas a dar, com corpo e
alma para defrontar o violento mar, enquanto a si, de corpo doente e cansado,
tudo exigiam. Uma imagem, uma postura, uma impossibilidade de amar e de
apreciar as coisas simples da vida.
Sentiu
inveja, uma inveja saudável daquele homem que parecia feliz, que disfrutava de
uma vida simples sem pretensões, sem imagens e com amor.
Sentiu-se
só, de alma vazia.
Por
isso chorava.
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