domingo, 10 de agosto de 2014

O gato gente – Geovanna Augusta

                   
Estava escrevendo em meu caderno, o professor ditando a matéria, não dormi muito na noite anterior e com isso, não conseguia me concentrar bem no que ele dizia, acabei me perdendo em pensamentos e esquecendo-me de acompanhar a matéria.
A sala ficou silenciosa e todos olharam no mesmo instante para a porta, parecia programado. A porta abriu, um gato branco e preto apareceu, disse que se chamava Nakata , estava carregando uma jarra de leite e colocou em minha mesa, agora todos olhavam para a frente, nenhum nos olhava, estavam hipnotizados.
O gato sorriu e foi para a janela, se enfiou na pequena abertura e sumiu, abri a jarra de leite, peguei um bombom que flutuava no leite e apesar do seu volume não havia nada dentro da embalagem do bombom, joguei-a no chão com frustração, não era certo jogar um lixo no chão, mas nada parecia certo no momento.
Um clarão surgiu, a embalagem no chão se tornou um portal que sugou a jarra de leite comigo. Dentro do portal era escuro, e não havia fim, fiquei caindo por muito tempo, não era totalmente silencioso lá, dava para ouvir miados de um lugar pouco distante dali.
Percebi que ficaria nisso infinitamente, então me cansei e abri outro bombom, joguei  um pouco abaixo de onde eu ia cair. O portal se abriu  novamente, e com isso cai no chão da minha sala, todos olharam para mim por um instante, mas não deram muita importância. Uma garota estava chorando, e entre seus soluços disse que seu gato havia desaparecido, e que sentia sua falta, aproximei-me perto de onde estava o grupo que a rodeava, seu rosto vermelho, chorando desesperadamente,  líquidos saiam de seu nariz, uma cena nojenta. Segurava seu celular e exibia a foto de seu gato, cheguei mais perto e percebi que era o gato Nakata!
Meu corpo doía, e estava confusa e triste,  o sinal bateu e fui em direção a minha casa, chovia e eu não estava com meu guarda chuva, com isso comecei a andar rápido. Na minha mochila havia guardado a jarra de leite com os bombons mágicos com esperança de devolver a Nakata. Alguns metros a frente tinha algo, andei um pouco mais rápido curiosa para saber o que era, olhei para identificar o que era no chão e minhas esperanças foram embora.

Nakata com suas tripas de fora, havia sido esmagado, um suposto atropelamento, mas mesmo assim com um belo sorriso e sua face, que linda camiseta ensanguentada ele usava, um pouco infantil mas combinava com ele, nela estava escrito “Eu amo leite”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário