-Ai meu Deus! – disse enquanto ficava boquiaberta com aquela cena e corria de volta para me trancar naquele cubículo.
Para! Espere um pouco esse
não é o começo da história, isso está totalmente fora de ordem,vamos voltar um
pouco.
Bom..tudo começou naquela
manhã chuvosa e nublada,aqueles típicos dias em que devemos ficar em casa
dormindo em nossas camas e descansando,mas ao invés disso aqui estou eu em
frente ao espelho travando uma guerra com os meus cabelos para eles ficarem no
lugar,desisti, era idiotice brigar por uma causa perdida e resolvi deixá-los
assim mesmo,desci as escadas e fui em direção ao meu café da manhã.Esse era o
meu primeiro dia em uma escola nova , e eu estava determinada a fazer desse dia
um dia bom , me apressei e corri para o carro, a última coisa que eu precisava
era chegar atrasada.
Durante todo o caminho
fiquei mexendo impacientemente nos meus dedos,habito que eu havia criado para
me acalmar em momentos de nervosismo.Quando enfim chegamos me surpreendi com a
quantidade de pessoas que tinha na entrada, literalmente havia gente saindo
pela culatra. Acredito que a minha cara de surpresa me denunciou porque minha
mãe logo tratou de me tranqüilizar.
-Calma vai dar tudo certo!
–Disse enquanto passava a mão na minha cabeça.
-É. Eu sei! –Respondi sem
muita certeza.
Desci do carro de maneira
hesitante, e caminhei em direção ao portão quando de repente dei de cara com
uma coisa enorme, mas antes mesmo que eu pudesse ver o que eu havia atingido,
escutei:
-Foi mal. - Era um garoto,
um pouco maior que eu, com olhos e cabelos castanhos.
-Hã... Claro, sem problemas.
–Respondi vendo-o se distanciar, quando percebi que essa poderia ser a minha
única chance de perguntar qual era a minha sala, me virei. –Espera! –Tarde
demais ele já tinha sido levado com a multidão, bufei eu tinha sido lenta
demais. Mas por sorte encontraria a minha sala fácil.
As aulas passavam e em todas
era o mesmo blá blá blá, e ninguém falava comigo, todos conversando menos eu, e
para melhorar estava apertada. Tinha que sentir vontade de fazer xixi logo
agora? Droga. Levantei discretamente para que ninguém percebesse que eu ia
pedir para ir ao banheiro, tinha que causar uma boa impressão e não ser
conhecida como “a menina que foi no banheiro no primeiro dia.” Caminhei pelo
corredor enorme da escola, caramba não tinha reparado como era grande, cheio de
janelas e salas para todos os lados e nada de banheiro. Depois de andar um
pouco, o que para mim pareceu séculos, encontrei um corredor que no final abria
para os dois lados, finalmente, pensei, já estava na hora. Porém meus problemas
haviam acabado de começar, ali era o banheiro, mas não tinha placa dizendo qual
era o feminino e qual era o masculino, o que eu iria fazer? Já estava muito
apertada e quanto mais o tempo passava mais apertada eu ficava. E se eu
acabasse por entrar no masculino? Não podia nem imaginar a vergonha, meu tempo
estava se esgotando e eu tinha que escolher e rápido. Fechei os olhos e entrei
em um, por sorte eu terminaria antes que alguém chegasse.
Eu sabia que não podia
contar com a sorte, antes mesmo de acabar eu escutei vozes, era de um menino.
Fiquei desesperada, tinha entrado no banheiro errado, na hora minha mente
começou a trabalhar, quando ele entrasse em um daqueles círculos eu iria sair e
rápido, e foi o que fiz, escutei atentamente e quando ouvi a porta fechar eu
sai, corri para lavar a minha mão o mais rápido possível, mas não foi o
suficiente, escutei atrás de mim a porta abrindo, era aquele menino que eu
tinha esbarrado mais cedo.
-Ai meu Deus! –Disse
enquanto ficava boquiaberta com aquela cena e corri de volta para me trancar
naquele cubículo.
-Abra a porta, vamos conversar.
Me desculpe, eu não sabia! – Ele disse enquanto batia na porta.
Abria lentamente a porta,
como assim não sabia? Eu é que havia entrado no banheiro errado, não é? Mas
antes mesmo que eu pudesse falar ele já foi falando rápido:
-Eu não sabia, não tinha placa
então eu entrei em qualquer um. – Ele estava desesperado, tremia, e eu não pude
conter o riso nós dois estávamos na mesma situação, antes que eu percebesse nós
dois já estávamos chorando de rir.
-Meu nome é Larissa! –Disse
estendendo a mão.
-Diego. – Respondeu enquanto
abria um sorriso largo.
Depois tudo passou muito
rápido, nós perdemos a noção do tempo conversando e nos despedimos com a
promessa de conversarmos no outro dia, quando cheguei na sala o professor já
havia mudado e todos ficaram me olhando, mas isso nem me incomodou, mal
esperava para me encontrar com o Diogo no outro dia, porém isso nunca
aconteceu. Nunca mais o vi. Os dias passavam e ninguém nunca tinha visto aquele
garoto na escola, e mesmo com os dias passando eu sabia que um dia ele iria
voltar e cumprir a nossa promessa.
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